A delegação brasileira já começou a embarcar no início da semana com destino à França para disputar os Jogos Paralímpicos de Paris-2024. O megaevento tem sua Cerimônia de Abertura marcada para 28 de agosto e o encerramento acontece no dia 8 de setembro.
Serão 279 atletas brasileiros na Paralimpíada de Paris. O grupo é formado por 254 esportistas com deficiência, 19 atletas-guia (sendo 18 do atletismo e um do triatlo), três calheiros da bocha, dois goleiros do futebol de cegos e um timoneiro do remo. Os atletas do País vão disputar 20 das 22 modalidades do programa dos Jogos, uma vez que os brasileiros não conseguiram a classificação no basquete em cadeira de rodas e no rúgbi em cadeira de rodas.
Maior delegação
Esta será a maior missão brasileira em uma edição do megaevento fora do Brasil, superando os 259 convocados de Tóquio-2020, que também havia sido à época a missão com mais atletas em terras estrangeiras. O número não supera apenas o registrado nos Jogos do Rio-2016, quando o Brasil contou com 278 atletas com deficiência. Naquela edição, o Brasil participou de todas as 22 modalidades por ser o país-sede da competição.
Maior medalhista
O pernambucano Phelipe Rodrigues é o brasileiro convocado para os Jogos com mais medalhas na história da competição. O nadador da classe S10 (limitação físico-motora) conta com oito pódios paralímpicos na carreira.
Nascido no Recife, Phelipe conquistou ao menos uma medalha em cada uma das quatro edições dos Jogos que disputou – de Pequim-2008 a Tóquio-2020. Especialista nas provas de velocidade (50m e 100m) do nado livre, ele soma cinco pratas e três bronzes no currículo.
Atleta com mais participações
Paris também marca a sexta participação da nadadora cearense Edênia Garcia, de 37 anos, em uma edição de Jogos Paralímpicos. A nadadora é a única convocada para o megaevento na França a conquistar a marca, após também ter competido em Atenas-2004, Pequim-2008, Londres-2012, Rio-2016 e Tóquio-2020. A atleta já conquistou três medalhas paralímpicas, duas pratas e um bronze, todas na prova dos 50m costas, sua especialidade.
Estreantes
Dos 254 atletas convocados, 88 jamais estiveram em uma edição dos Jogos. O número de estreantes representa 34,64% do total de esportistas que vão competir pelo Brasil na capital francesa.
A modalidade com mais novatos em Jogos Paralímpicos é o atletismo. Dos 70 atletas com deficiência convocados para o evento, 23 vão estrear na competição em Paris. São 33% do total da Seleção Brasileira da modalidade que vai competir nas provas de pista, saltos e campo no Stade de France. Judô e natação são outras duas modalidades com mais estreantes em Jogos, com nove atletas debutantes cada.
Caçulas e veteranos
O atleta mais novo da delegação brasileira que irá a Paris-2024 é o paulista Victor dos Santos Almeida, da classe S9 (limitação físico-motora), que completou 16 anos no dia 19 de maio. Apesar da pouca idade, Vitinho, como é conhecido, já tem experiência internacional. Em novembro do ano passado, com 15 anos, foi campeão parapan-americano nos 100m costas, em Santiago, no Chile.
Somente entre as mulheres, a mais jovem é a mesatenista carioca Sophia Kelmer, 16 anos, da classe 8. Estreante em Jogos Paralímpicos, a atleta possui uma medalha de prata das chaves individuais dos Jogos Parapan-Americanos de Santiago-2023, no Chile, e dois bronzes nas disputas de duplas da mesma competição. Ela completa 17 anos em dezembro de 2024.
Por outro lado, o cearense Eugênio Franco, 64 anos, será o atleta mais velho da delegação brasileira. Campeão Parapan-Americano em Santiago, o atleta iniciou no tiro com arco em 2011 quando desenvolvia estágio de pós-doutorado em Portugal.
Entre as mulheres, a mais experiente será a paulista Beth Gomes, 59 anos, medalhista de ouro na prova do lançamento de disco da classe F52 (atletas que competem sentados) nos Jogos de Tóquio. Após uma reclassificação, Beth competirá pela classe F53 nos Jogos de Paris.
Primeiro aluno nos Jogos
Os Jogos de Paris marcam a primeira participação de um aluno da Escola Paralímpica de Esportes em uma edição do megaevento paralímpico. O maranhense André Martins, 21 anos, foi formado a partir do projeto idealizado e realizado pelo Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), e vai competir na bocha pela classe BC4 (para atletas que têm deficiências severas, mas que não recebem assistência).
A Escolinha, como é carinhosamente chamada, surgiu em 2018 e tem como objetivo promover a iniciação de crianças com deficiência física, visual e intelectual na faixa etária de 7 a 17 anos em 15 modalidades paralímpicas: atletismo, badminton, bocha, esgrima em cadeira de rodas, futebol de cegos, goalball, halterofilismo, judô, natação, rúgbi em cadeira de rodas, tênis de mesa, tênis em cadeira de rodas, tiro com arco, triatlo e vôlei sentado. Todas compõem o atual programa dos Jogos Paralímpicos.
Participação feminina
Dos 254 atletas com deficiência convocados, 116 são mulheres, ou 45,67% do total dos competidores. O número representa a maior convocação feminina brasileira na história dos Jogos Paralímpicos tanto em quantidade quanto em termos percentuais. As atletas que estarão na capital francesa serão em maior quantidade em Paris do que na edição de 2016, no Rio de Janeiro, quando o Brasil teve 102 mulheres, o que representou 35,17% do total da delegação.
Já em termos percentuais, a maior representatividade de mulheres na delegação havia sido em Tóquio-2020, quando 41,03% do total dos convocados eram do sexo feminino – 96 ante os 138 homens.
Abertura
Pela primeira vez a Cerimônia de Abertura dos Jogos Paralímpicos será realizada fora de um estádio. No dia 28 de agosto, os 4.400 atletas, de 184 países, começarão seu desfile na parte inferior da Champs-Elysées e chegarão à maior praça de Paris, que oferece uma vista do Louvre e do Jardin des Tuileries, no lado leste, até o Arco do Triunfo.
No percurso, os atletas desfilarão por alguns dos mais belos marcos da capital francesa, localizados ao longo da rota entre os Champs-Elysées e a Place de la Concorde.
Premiações
O CPB ampliou os valores que serão repassados aos campeões, vice-campeões e terceiros colocados na capital francesa em 56,25% na comparação com as premiações oferecidas nos Jogos de Tóquio. Os medalhistas de ouro em provas individuais receberão R$ 250 mil por medalha, enquanto a prata renderá R$ 100 mil cada e o bronze, R$ 50 mil.
O título paralímpico em modalidades coletivas, por equipes, revezamentos e em pares (bocha) valerá um prêmio de R$ 125 mil por atleta. Já a prata, neste caso, será bonificada com R$ 50 mil e o bronze, com R$ 25 mil. Demais integrantes das disputas, atletas-guia, calheiros, pilotos e timoneiros, vão receber 20% da maior medalha conquistada por seu atleta e 10% do valor correspondente a cada pódio seguinte.
Medalhas
O Brasil tem 373 medalhas conquistadas em Jogos Paralímpicos, em 11 edições. Ou seja, está a 27 da 400ª. A primeira vez em que o País foi ao pódio no evento faz 48 anos, nos Jogos de Toronto, Canadá, em 1976. Os responsáveis foram Luiz Carlos da Costa e Robson Sampaio de Almeida, dupla masculina do Lawn Bowls (um esporte parecido com a bocha, porém, disputado na grama). À oportunidade, eles ficaram com a prata.
A melhor campanha do Brasil nos Jogos foi a última, em Tóquio 2020, quando a delegação brasileira ficou na sétima posição, com 22 ouros, 20 pratas e 30 bronzes – 72 no total.
Na história, o Brasil tem 109 ouros, 132 pratas e 132 bronzes, sendo que o top 3 de modalidades que mais garantiram pódios paralímpicos ao País é formado por atletismo (170 medalhas – 48 ouros, 70 pratas e 52 bronzes), natação (125 medalhas – 40 ouros, 39 pratas e 46 bronzes) e judô (25 medalhas – cinco ouros, nove pratas e 11 bronzes).
Em seu Planejamento Estratégico 2022-2024, o CPB se propõe a realizar uma campanha em Paris igual ou superior à realizada em Tóquio, com uma expectativa de conquistar de 70 a 90 pódios. Outra meta do Comitê é que o Brasil se mantenha no top 8 do quadro de medalhas.
*Com Comitê Paralímpico Brasileiro