No último fim de semana, Neymar causou burburinho nas redes sociais e entre os amantes do futebol ao comparecer à final da Kings League, no Allianz Parque, e não dar as caras no clássico entre Corinthians e Santos, realizado na Neo Química Arena. A ausência no jogo de seu clube e a presença em um evento midiático chamaram a atenção e geraram questionamentos legítimos sobre as prioridades do jogador e sua relação atual com o Santos.
Precisamos lembrar que Neymar tem uma relação histórica e um contrato ativo com o Santos. Os torcedores santistas ainda o veem como um ídolo, ou pelo menos tentam manter essa imagem viva. No entanto, essa ausência em um momento caótico para o clube e especialmente em um clássico tão carregado de significado pode ser interpretada como mais uma demonstração de distanciamento do jogador em relação à instituição que o revelou para o mundo do futebol.
Por outro lado, Neymar sempre foi uma figura ligada ao entretenimento, ao espetáculo, à mistura entre esporte e mídia. A Kings League representa justamente essa fusão: um evento que une futebol, influenciadores, e um público mais jovem e engajado. Sua presença ali faz sentido dentro do universo que ele vem construindo fora das quatro linhas. Mas o que decepciona muitos é o contraste entre esse engajamento com eventos midiáticos e a falta de presença em situações importantes para o Santos. Especialmente neste momento delicado para o clube que se afunda cada vez mais na zona de rebaixamento do Campeonato Brasileiro.
Não se trata de obrigação, mas de empatia e senso. Um gesto, uma aparição, um apoio público ao Santos em um clássico contra seu maior rival teria um valor simbólico enorme para a torcida e para o clube. Neymar poderia ter equilibrado as agendas ou, ao menos, ter feito algum gesto público de apoio – o que não aconteceu de forma significativa. O camisa 10 do Santos poderia ter ido aos dois compromissos. O seu helicóptero iria da Zona Leste da capital paulista para a Oeste em menos de meia hora, não é como ele tivesse que encarar o trânsito ou até mesmo se locomover de transporte público.
No fim, Neymar deixou claro que suas prioridades atualmente estão mais ligadas ao espetáculo do que à tradição. E, embora ele tenha todo o direito de escolher onde estar, também deve estar preparado para lidar com o impacto simbólico dessas escolhas. Para muitos santistas, essa ausência falou mais alto do que qualquer homenagem passada.
*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do BandSports.