Destaque nas competições, João Victor Acioly de 20 anos é um dos grandes nomes do pentatlo brasileiro da atualidade. Natural do Recife, o jovem teve o primeiro contato com o Pentatlo Moderno ainda no Colégio Militar. Acioly já praticava natação desde criança, mas foi em 2018 que conheceu a esgrima, “uma das modalidades mais fascinantes do esporte” de acordo com ele. E, logo no ano seguinte, recebeu o que chamou de ‘convite inesperado’ para competir no pentatlo.
“Para poder participar de uma grande competição entre os Colégios Militares do Brasil, vi uma oportunidade de unir a natação e a esgrima, e decidi me arriscar no Pentatlo. Inicialmente, com o objetivo principal de me divertir com a experiência da viagem”, disse.
E foi logo nessa primeira competição que o coordenador do Projeto Pentajovem Recife, da Confederação Brasileira de Pentatlo Moderno, Almir Claudino, percebeu o potencial do jovem atleta.
“Desde o início, vi nele um talento enorme para a modalidade. No primeiro contato com o laser run, que une a pistola e corrida, ele teve cinco acertos nos cinco tiros, o que é muito difícil pelo primeiro contato. De lá para cá, ele não parou mais e vem acumulando diversos resultados incríveis”, relembra Almir.
O treinador acompanha o atleta desde então, e não poupa elogios ao jovem e afirma que Acioly é o que os treinadores chamam de ‘atleta fácil de treinar’.
“Desde a escola, no treino e, com certeza, futuramente na profissão que ele escolher, ele vai ter muito sucesso porque é extremamente dedicado em tudo que faz, muito concentrado”, disse o treinador.
Na profissão que escolher porque Acioly enfrenta o desafio de conciliar o esporte de alto rendimento com a graduação em Sistemas de Informação na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
“O Pentatlo Moderno exige uma rotina intensa de treinos, geralmente envolvendo mais de uma modalidade por dia, enquanto a faculdade também demanda muita dedicação. O maior obstáculo que enfrento diariamente é mudar o foco rapidamente entre um treino intenso e uma aula complexa”, disse.
Destaque no Pan e Sul-Americanos
Cinco medalhas em oito dias. Este foi o saldo de João Victor Acioly em Buenos Aires, na disputa dos Campeonatos Pan-americano e no Sul-americano, ambos Júnior e Sênior, no início de novembro. Na categoria Sênior, Acioly foi ouro por equipes, prata no revezamento misto e bronze individual no Sul-americano, além de ouro por equipes e bronze no revezamento misto no Pan-americano.
“Foram dois campeonatos com resultados positivos, principalmente pelo nível de resiliência que precisei demonstrar. Foi uma semana extremamente intensa, pois tive o desafio de competir duas categorias, Júnior e Sênior, em sequência. Essa rotina dupla exigiu muito do meu corpo e da minha cabeça”, disse Acioly.
Acioly ficou em quinto no Mundial Militar deste ano e foi campeão Sul-americano Júnior em 2024. Atual líder do ranking brasileiro e campeão brasileiro, o atleta é visto como uma boa aposta para brigar por uma das vagas para os Jogos Olímpicos 2028.
Em oito dias de competições na Argentina, Acioly voltou com cinco medalhas para o Brasil e se destacou também na categoria júnior, sendo ouro por equipes e prata no individual.
“Na categoria Júnior, a competição não foi como o esperado. Na final, um erro no percurso de obstáculos me tirou da liderança. No entanto, o que fica é a capacidade de recuperação, consegui fazer uma excelente prova de Laser Run, saindo da 13ª posição e finalizando com a 2ª colocação”, analisa. “Isso mostra que a luta só termina na linha de chegada”, conclui.
Vale destacar que, simultaneamente ao Pan-americano Júnior, ocorreu também o Sul-americano Júnior. A pontuação dos atletas é a mesma, e a classificação final é determinada apenas com a exclusão dos pentatletas da América Central, Caribe e América do Norte.
Foco em Los Angeles-2028
Do ponto de vista técnico, o jovem tem como melhor prova o Laser Run, modalidade que costuma ser crucial na definição do pentatlo ao unir a corrida e o tiro em pistola a laser. “Ele se destaca muito nessa prova e, na verdade, acredito que ele é um dos melhores, se não o melhor, a nível Pan-americano e talvez até Mundial”, disse o treinador.
“Queremos continuar equilibrando as outras modalidades para que ele chegue em 2027 o mais completo possível e consiga o nosso objetivo principal que é a vaga para os Jogos Olímpicos em 2028”, conclui Almir.
Los Angeles está logo ali, e Acioly não tem dúvidas de que este é seu maior sonho. “Quero disputar uma Olimpíada e, mais do que apenas participar, representar bem o meu país e levar a bandeira do Brasil para o pódio”, projeta o atleta.
*Com Comitê Olímpico do Brasil
