A temporada de 2025 da Fórmula 3 consagrou Rafael Câmara como campeão de forma antecipada, mas os títulos e números do jovem brasileiro não são os únicos destaques. Para Jerome d’Ambrosio, vice-diretor da Ferrari e chefe da Academia de Pilotos da escuderia, o que mais impressiona é o crescimento técnico e pessoal de Câmara desde que ingressou no programa de jovens talentos.
Com cinco pole positions, quatro vitórias em corridas principais e a taça garantida ainda com duas corridas restantes, Câmara se consolidou como um dos nomes mais promissores da nova geração. E para D’Ambrosio, os méritos vão além das estatísticas.
“Sinceramente, acho que não poderíamos ter esperado algo melhor”, afirmou o dirigente após a conquista em Budapeste. “Esta temporada começou forte, ele se saiu muito bem nos momentos mais tensos, e acho que a corrida que vimos aqui resume tudo: lutar por um campeonato no molhado, em uma pista muito escorregadia.”
“Poderia ter sido fácil para ele cometer um erro. Dava para ver que ele estava no limite. Ele era rápido, mas estava sob controle. Ele escolheu quando forçar, escolheu quando abrir vantagem, e isso mostra que ele estava no controle”, seguiu.
Integrante da Academia de Pilotos da Ferrari desde 2022, Câmara já acumula dois títulos consecutivos: a FRECA em 2024 e, agora, a F3. Desde que entrou para o programa, nunca terminou uma temporada de monopostos fora do top 5. D’Ambrosio ressaltou que o desempenho é resultado direto de um trabalho de evolução consistente e de um perfil cada vez mais maduro.
“O que tem sido impressionante nesse período em que o conheço é a forma como ele evoluiu, não só como piloto, mas também fora das pistas – ele tem uma maturidade tremenda. Acho que os últimos 12 meses foram incríveis para ele. Ele teve um desempenho excepcional”, elogiou.
A maturidade de Câmara também foi colocada à prova durante o inverno, em reuniões estratégicas com a equipe. Segundo D’Ambrosio, o brasileiro foi assertivo sobre o caminho que queria seguir.
“Tivemos algumas discussões durante o inverno, que foram bem interessantes, onde, acho que como academia, sugerimos algumas coisas, e ele disse: ‘Não, Jerome, é disso que eu preciso. É disso que eu quero'”, comentou. “Ele tem uma maneira única de saber o que quer e o que precisa fazer, o que eu acho extremamente importante para um piloto. É impressionante. Quando você investe em jovens talentos e tenta apoiá-los da melhor maneira possível.”
Com o título já garantido, os olhos agora se voltam para o próximo desafio: a Fórmula 2. A expectativa da equipe é que o brasileiro continue crescendo e, no futuro, tenha o que é necessário para vestir o macacão da Ferrari na Fórmula 1.
“Ao mesmo tempo em que tentamos identificar se eles têm o que é preciso para dar esse passo, e para a Ferrari isso significa um dia pilotar um carro de Fórmula 1 da Ferrari, ter alguém que seja assertivo em suas escolhas e saiba o que precisa é, eu diria, encorajador e reconfortante”, conclui D’Ambrosio. “Mas, repito, o caminho ainda é longo.”






